O ROCK JÁ TEVE ATITUDE
Lobão já dizia e cantava "O Rock Errou" e hoje, lendo o Correio de Sergipe uma matéria num caderno de juventude me chamou a atenção por dois motivos:
- o conteúdo que era muito bom e muito bem escrito;
- por falar de rock num lugar e numa época que o forró está a toda por aqui;
A matéria falava que hoje em dia, não existem mais bons compositores no rock e todos acham que compôr pra rock é uma coisa diferente de MPB, quando nos anos 80 este estilo era considerado A MPB daquele momento.
Se pararem pra pensar, faz sentido.
Tivemos fortes canções de protesto que foram utilizadas em movimentos e levantavam ideiais jovens ou não, como por exemplo Inútil do Ultraje a Rigor e Geração Coca-Cola da Legião Urbana nos anos 80. Caetano inventou a Tropicália misturando as guitarras de Hendrix com o violão de João Gilberto em sua Alegria, Alegria nos anos 60 (e retomada nos anos 90 no impeachment do Collor). Raul Seixas saudava Sociedades Alternativas e ironizava o lesbianismo e a revolução e liberdade feminina com O Rock das Aranha... Tudo isso fez do Rock Brazuca um fenômeno.
Só imaginar que Inútil foi declamada no Congresso Nacional pelo senador Ulysses Guimarães antes dela ter sido lançada em LP é um fato que demonstra como as canções tinham poder naquela época.
Já falaram de miséria (Miséria), fome (Comida), dívida externa (Aluga-se), revolta contra o alistamento militar obrigatório (Núcleo Base), sub-valorização do produto nacional (Made in Brazil)... Tudo sendo original e atual até hoje!
Agora, não desmerecendo bandas como Charlie Brown Jr, CPM 22 e Detonautas (que eu até admiro e gosto de algumas coisas), tive que concordar com o artigo na parte que dizia que elas são bandas de momento e que não fazem nada de conteúdo!
Charlie Brown eu até curtia os dois primeiros discos, mas começou a querer dar uma de Roberto Carlos e lançar um por ano e se perdeu. Hoje fazem uma musiquinha interessante, mas só falam de skate, palavrões e não diferenciam uma música da outra.
"Detonautas nada mais são que compositores de pagode ou sertanejo numa roupagem roqueira. Fazem músicas de corno, falando de amores perdidos e lamentando-se do passado e torcendo por um amanhã melhor junto a pessoa amada". Sem contar que são uma bandinha comprada e produzidinha para atender aos filhinhos de papai que desejam posar de rebeldes. Nada mais!
"CPM 22. Cópia juvenil do Charlie Brown com toques de Detonautas." Não tem como comparar. São iguais, sendo que o Charlie Brown começou criativo e se perdeu sozinho...
É... Sinto falta do meu bom e velho ROQUENROU! E por isso finalizo com um trecho do texto do jornal, que, infelizmente, não trazia o nome do autor para eu creditar:
"Hoje, temos que aturar rimas bobas e fáceis falando de amor e dor. Ignoramos o conteúdo e pensamos na imagem vendida pelos CPMs, Charlie Browns, Detonautas, KLBs e BROZs da vida. Esquecemos gente de qualidade como Renato Russo, Cazuza, Roger, Felipe Seabra, Kid Vinil, Frejat, Nando Reis e outros tantos que até quando faziam bobeiras, nos diziam algo.
Ninguém ouviu o novo CD do Magazine, do Ultraje a Rigor ou do Nando Reis. Só conhecemos sucessos antigos ou aqueles que eles fizeram pra outros artistas. Mas eram maravilhosos e a crítica falou isso.
Ninguém questionou o lixo industrial que nos foi dado como Renato Russo tanto previniu. Apenas fomos atrás deles e compramos tudo. Será que o rock realmente acabou e daremos espaço ao novo Pop Brasileiro?
A juventude de hoje em dia não tem os ideais de vinte anos atrás, nem a inocência que tínhamos naquela época(?), mas poderia ouvir as vozes do passado e se deixar influenciar... Ao menos uma vez!"
Ao som do O Silêncio, de Arnaldo Antunes.
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